Eu corro com música e funciona
- Thaís Monteiro Salán

- 17 de mai. de 2017
- 2 min de leitura
Muito se fala sobre ouvir música enquanto corre. Já ouvi pessoas dizendo que os corredores de verdade não ouvem música durante a corrida.
Sim, eu corro com música, ainda não me vejo correndo sem meu fone, mas pensando bem, porque deveria? É tão errado assim? Sou "menos corredora” por isso?
Sobre isso eu vou tentar me fazer entender de 2 formas: como a THAÍS QUE CORRE e como a THAÍS PSIQUIATRA.
Com relação a mim, já perdi as contas de quantas vezes desisti de correr porque esqueci o fone de ouvido (nem vou comentar sobre os Walkmans sem pilha pois entregaria a minha idade, rs). No entanto passei a ficar intrigada quando a música começou a me atrapalhar . Sim, ATRAPALHAR (o oposto do que eu estou habituada), em alguns momentos eu literalmente

tinha que desligar o som. Mas não era em todos os treinos e sim de um tipo específico: os de tiros. Nos treinos mais longos a música se mantinha essencial.
Comecei a observar que eu oscilava entre prestar atenção na música que tocava com períodos em que eu simplesmente esquecia que o som estava ligado. Se por algum motivo a música parava, aquela dor no quadril começava a incomodar, o top a apertar… parecia até um complô para eu deixar a corrida para um outro dia.
Então, como explicar isso? Uma mesma pessoa precisar ouvir música para correr em alguns momentos e deliberadamente desligar o som em outros? Freud não explica, mas a neurociência sim.
Como mencionei antes, no texto da Serra da Mantiqueira, nosso cérebro recebe várias informações, de várias fontes diferentes ao mesmo tempo, seja do mundo externo (visão, audição, tato, olfato e paladar) ou do mundo interno (sensações, sentimentos e pensamentos). Com tanta coisa acontecendo o cérebro tem que “filtrar”, ignorar algumas coisas para focar em outras.
O processo de manter-se focado em uma única atividade por um período longo não é fácil e pode ser muito estressante. O que acontece é que aquilo que te leva a focar pode não ser motivante ou excitante o suficiente, então o seu cérebro começa a procurar coisas, novidades, “novos estímulos” que muitas vezes nos fazem perder o foco.
Simples assim: nos treinos de tiro meu cérebro entende cada tiro/intervalo como um estímulo novo, a música passa a ser um estímulo a mais e atrapalha (para mim, ok?). Treinos com longas distâncias e velocidade constante, sem novidade para o meu cérebro que entediado quer me tirar dali. A alternância de foco: música/treino me ajuda a sustentar esses treinos mais ”monótonos”.
Por isso, não me julguem por correr com meu fone de ouvido tá?! Estou só dando um pouquinho de música para o meu cérebro se distrair.



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