Olhando em Frente
- Thais Monteiro Salan

- 11 de fev. de 2017
- 2 min de leitura
Em um dos meus primeiros treinos com o professor Messias, ele me levou para correr em volta do Pacaembú pelo lado de fora. Seu objetivo era me ensinar como correr em subida. De fato, correr subidas é o meu ponto fraco. Ele me ensinou então as técnicas adequadas: subir correndo levemente “sentada”, tronco levemente inclinado para frente, passadas curtas, braços ao lado em movimento de pêndulo, e para mim o mais importante: olhar reto (não para baixo e nem para cima). Pensei "ok, ele quer que eu corra de forma mais econômica, sem lesão”.
No entanto, no meu primeiro treino de subida sem ele entendi que olhar para frente era muito mais que uma questão postural, é essencial para a MENTE, para eu me manter no treino. Já na primeira volta (eram 3 voltas), percebi que quando iniciava o aclive e olhava para cima eu pensava “Vou ter que subir tudo isso para chegar até lá?! Acho que não vou dar conta,

é muito difícil”. A vontade que me ocorria nessa hora era de sair correndo, só que no sentido oposto, fugindo do desafio. Nas demais voltas segui a orientação do mestre: OLHEI RETO.
Quando vi tinha terminado! Percebi que ao olhar para cima o foco era o quanto iria subir (futuro), ao passo que olhar em frente me trazia para o movimento, para a forma que eu estava subindo (presente). A subida era a mesma, portanto o esforço muscular era o mesmo, mas a sensação é de que olhar reto deixou o desafio transponível, mais fácil. Sim, mentalmente foi!
Depois disso, me lembrei do período em que passei na França (no fim dele corri a minha primeira maratona, a Marathon de Paris 2010). Cheguei lá para um estágio em psiquiatria, era inverno, estava sozinha, o local era diferente, o clima, a língua, TUDO me tirava da minha zona de conforto, e assim seria por 4 meses. Até me adaptar, sabe qual era o período do dia mais difícil para mim? Assim que acordava. É que pela manhã me deparava com tudo o que eu teria que fazer pelos 4 meses que passaria ali. Assim como no treino de subida, a sensação é de que eu não daria conta, a vontade era de fugir. Foi bem difícil! Eu estava olhando para cima. Mas quando comecei a me organizar para um dia de cada vez, tudo ficou bem mais claro.
Me programar para 1 dia, ou 1 semana, era um desafio bem menor do que pensar nos 4 meses. Foi dessa forma que passei a olhar em frente. Podemos ver que esse exemplo pode ser aplicado para várias outras situações desafiadoras que enfrentamos na vida. Se em primeiro lugar conseguirmos determinar o caminho a seguir , depois poderemos nos concentrar em “dar um passo de cada vez” até que cheguemos onde queremos ou precisamos.



Comentários